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Precisamos de um antídoto contra a forma militaresca do pensar

   O negacionismo frente à uma real ameaça a vida humana e a falta de cuidado com o outro, reflete em nossa forma de governo. Aquele que eleito para representar os nossos ideais defende o fascismo que tentamos ha muito combater em nós mesmos, mas agora por conta do nosso descontentamento com uma “esquerda” que não atendeu nossas urgências, cedemos ao ímpeto de repetir essa estrutura de opressão. Será que já não passa da hora de nos perguntarmos por quê? Por que desejamos a nossa própria sujeição? Por que nos contentamos em achar que somos potentes por tratar nossos semelhantes com desigualdade? Que tipo de sociedade estamos construindo quando a noção de reconhecimento é fundamentada em atributos como força e poder?

   A pandemia chega escancarando o nosso ódio. Ódio por não termos o controle da existência. Ódio por não aceitarmos a perecividade da vida, e assim nos submetermos a falsas promessas de um suposto sentido gerado por um líder. Por fim, ódio por nos encontrarmos impotentes perante um estado opressor. Assim, como ratos que se tonam canibais quando o espaço na gaiola é pequeno demais, começamos a agredir e a matar a nós mesmos. 

   Quando a pandemia começou não imaginávamos que desembocaríamos aqui nesse cenário tão desumano. O que nos assola hoje é muito mais do que o vírus, porque o que no fim nos mata é o descaso. Hoje, com o avanço da ciência, temos o conhecimento dos métodos de proteção necessários, respiradores que salvam vidas e com mais avanço ainda a confecção de imunizantes cada vez mais eficazes. Mas ambos estão sendo negados. Pelo governo e por nós mesmos.

   Lutamos para conseguir o direito à vacina, rejeitada pelo presidente inúmeras vezes e ainda assim somos atormentados com falsas informações para que desistamos do imunizante. Muitos de nós recusam a vacina por conta do medo de virar “jacaré”. Muitos de nós se recusam a usar máscara nas ruas por acreditarem que é só uma “gripezinha”. Muitos de nós não respeitam o distanciamento social e nem acreditam na necessidade da quarentena para a contenção do vírus por que é coisa de “maricas”. Todos esses adjetivos foram dados ao Coronavírus e suas consequências por Jair Bolsonaro ao longo de seu mandato. 

   Hoje o que nos atormenta é a ignorância. O que nos atormenta é termos entregado nossas vidas à ditadura. 

   Essa disposição em se jogar do precipício porque somos orientados a não olhar para o buraco, essa ilusão, está custando as nossas vidas. Nossas mães, nossos irmãos, nossas filhas e nossos amigos estão morrendo todos os dias aos milhares por conta de uma lógica militaresca do pensar, que nos empurra rumo a um penhasco oculto nas miragens de um oásis. Até quando vamos permitir que a “determinação de nunca recuar” de quem carrega o lema do Combate da Montanha, leve a gente para o abismo consigo?

Vacina SIM! Bolsonaro NÃO!

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Karol Saldanha
Artista co-criadora do Impermanência

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